Deputado do Paraná ataca roupas de deputada após ela protocolar pedido para que ele perca cargo na CCJ por faltas consecutivas
09/04/2025
(Foto: Reprodução) Ricardo Arruda (PL) disse também que a deputada Ana Júlia (PT) parecia estar no diretório acadêmico de uma universidade. Falas geraram reações da bancada feminina. Deputada avaliou caso como violência política de gênero. Deputado faz comentário sobre roupas de outra parlamentar
Declarações do deputado estadual Ricardo Arruda (PL) sobre as roupas da deputada Ana Júlia (PT) provocaram reações da bancada feminina e de oposição da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep). O caso aconteceu em plenário, na primeira sessão da semana.
O comentário de Arruda veio após a deputada Ana Júlia apresentar um pedido para que ele fosse substituído na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) por excesso de faltas. Entenda mais abaixo.
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Segundo Ana Júlia, após o pedido, o deputado criticou as vestimentas dela e disse que ela parecia estar no diretório acadêmico de uma universidade.
Para a deputada, o caso se trata de violência política de gênero. Ela falou sobre o assunto na tribuna da Alep na segunda-feira (7).
"[Ele] veio hoje na tribuna falar, tentar me desmoralizar, tentar me humilhar dizendo que eu não sei o que estou fazendo aqui , que eu não sei ler o regimento, que eu não sei qual é o meu pedido. Porque sou uma deputada de primeiro mandato, por que sou uma deputada jovem, pela forma que eu falo, como a forma que eu me visto, dá pra ver que eu não sei o que estou fazendo aqui", disse Ana Júlia.
Ricardo Arruda rebateu e disse que a crítica teve como alvo o comportamento da deputada.
"Nesse plenário, os deputados são obrigados a vir de paletó e gravata e as mulheres não têm isso no regimento, mas nós olhamos para todas as deputadas e todas vêm com a vestimenta que condiz com o plenário [...] Mas tem pessoa que se acha acima de tudo e quando falei que ela parece que está ainda num D.A [diretório acadêmico] de universidade, é pelas atitudes que ela tem aqui", falou.
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Deputado Ricardo Arruda (PL) e deputada Ana Júlia (PT)
Reprodução
A líder da bancada feminina, deputada Mabel Canto (PSDB), também se manifestou. Disse que a colega de bancada se veste adequadamente e que Arruda não tem propriedade para falar sobre a vestimenta de uma deputada estadual.
"E mesmo que não estivesse apropriada, ela é uma mulher que pode vestir aquilo que ela deseja", falou.
Em entrevista à RPC, Ricardo Arruda disse que a fala foi por questão de formalidade e que foi "bobeira". Ele também pediu desculpas e, ao ser questionado se mantém a opinião, disse que "não acha mais nada".
"Não vale a pena porque vai ter choro de novo de vitimismo, eu não quero isso, não muda meu trabalho e nem o dela", completou.
Faltas consecutivas na CCJ
O atrito entre os deputados teve origem em um requerimento apresentado por Ana Júlia à Mesa Diretora, no qual aponta que Ricardo Arruda faltou a três sessões consecutivas da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) sem justificativa.
De acordo com o regimento interno da Alep, essa conduta pode acarretar a perda da vaga na comissão.
Arruda alegou que justificou as ausências verbalmente ao presidente da CCJ. Contudo, o presidente da CCJ, o deputado Ademar Traiano (PSD), disse que não recebeu as justificativas.
"Oficialmente não recebi. Houve, realmente, a ausência do deputado por mais de três sessões. Ela apresentou um requerimento e, imediatamente encaminhei à presidência da casa e cabe ao presidente dar as providências", comentou Traiano.
O presidente da Assembleia, deputado Alexandre Curi (PSD), abriu prazo de cinco dias para que Ricardo Arruda apresente a defesa.
A decisão sobre a permanência ou não do deputado na CCJ deve ser anunciada na próxima semana.
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