Estudantes de Direito do Paraná são investigadas por ofensas a colega cadeirante em vídeos
11/04/2025
(Foto: Reprodução) Caso aconteceu em Telêmaco Borba. Jovens postaram ofensas nos 'melhores amigos' do Instagram, e vídeos vazaram. Polícia não divulgou nomes das suspeitas. Universidade disse que está 'tomando medidas cabíveis'. OAB afirmou que estudantes podem ser impedidas de ingressar na Ordem. Estudantes de Direito do Paraná são investigadas após vídeos delas ofendendo cadeirante
Três estudantes de Direito de Telêmaco Borba, nos Campos Gerais do Paraná, estão sendo investigadas pela Polícia Civil (PC-PR) por publicarem vídeos nas redes sociais com ofensas a uma colega cadeirante que estuda na mesma turma. Assista acima.
Os nomes e idades das suspeitas não foram oficialmente revelados. O g1 optou por borrar o vídeo com as ofensas porque não há confirmação se alguma das investigadas tem menos de 18 anos.
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Conforme a investigação prévia da polícia, as postagens foram feitas na segunda-feira (7) no perfil de uma delas do Instagram, na opção "melhores amigos" , ou seja, a um grupo restrito de internautas.
Os vídeos vazaram e viralizaram publicamente nas redes sociais na quarta (9). Nesta sexta (11), a Civil confirmou a abertura de um inquérito sobre o caso.
Nas postagens, primeiramente, as universitárias ofenderam a colega justificando que a vítima teria rido delas durante a apresentação de um trabalho para a turma.
"Segredo de estado pra vocês: na nossa sala tem uma cadeirante, uma magrela. E a gente 'tava' apresentando o trabalho hoje e a cadeirante rindo da nossa cara… por que não levantou e foi rir lá na nossa frente? Por que que aquela magrela feiosa não levantou e não veio falar? Porque é magrela, sabe que apanha a lazarenta, desgraçada (sic)."
Na sequência, uma das estudantes aparece cantando uma música com outras ofensas: "Vem aleijadinha, vem aleijadinha, sem movimento é mais fácil de tirar a sua calcinha".
A Polícia Civil optou por não divulgar mais detalhes sobre o caso para não atrapalhar as investigações. Afirmou, também, que todas as envolvidas serão ouvidas.
Vídeos com ofensas foram publicados nas redes sociais
Reprodução
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Retratação privada
Nota de retratação da estudante que publicou os vídeos
Reprodução/Redes Sociais
O g1 apurou que, nesta sexta-feira (11), nas redes sociais, a estudante que publicou os vídeos postou uma nota de retratação no próprio perfil, que é privado para seguidores autorizados.
"Venho aqui reconhecer, com toda a sinceridade, que o conteúdo foi ofensivo, insensível e totalmente inaceitável. Assumo total responsabilidade pelo que disse. A 'brincadeira', além de desrespeitosa, desconsidera toda a luta e o respeito que cada ser humano merece, independente de suas condições físicas. Refleti profundamente sobre o impacto das minhas palavras e entendo que não se trata apenas de 'brincadeira', mas de como elas podem ferir e perpetuar preconceitos que precisamos combater."
No texto, ela também pediu desculpas à colega mencionada, aos demais colegas da universidade, à instituição e a todas as pessoas com deficiência que se sentiram atingidas pela atitude.
"Tenho aprendido, com dor e humildade, que liberdade de expressão não significa ausência de responsabilidade. Estou aberta ao diálogo e disposta a participar de ações que promovam mais inclusão, empatia e respeito no ambiente acadêmico e na sociedade. Esse erro não define quem sou, mas será parte importante do meu processo de amadurecimento e mudança. Todos que foram impactados negativamente, minha mais profunda e sincera retratação."
O g1 tenta localizar a defesa das estudantes envolvidas.
Repúdio
Na noite desta sexta-feira (11), o Centro Universitário de Telêmaco Borba (UNIFATEB), onde o caso aconteceu, informou que as estudantes não fazem mais parte do corpo discente e que foram notificadas sobre o desligamento.
Mais cedo, a instituição disse, em nota, repudiar "qualquer atitude que viole os princípios do respeito, da inclusão e da dignidade humana" e garantiu que está "tomando todas medidas cabíveis".
"Não somos coniventes com qualquer tipo de desrespeito, preconceito ou discriminação, e não compactuamos com comportamentos que atentem contra a dignidade de qualquer indivíduo. Reforçamos que essa atitude é inaceitável e absolutamente incompatível com os princípios e valores que norteiam nossa instituição. [...] Na UNIFATEB, a cordialidade, o respeito e a inclusão são valores inegociáveis e constituem a base da nossa cultura educacional. Seguiremos firmes na promoção de um ambiente seguro, acolhedor e justo para todos", diz o texto.
Nota de repúdio da UNIFATEB
Reprodução
A Subseção de Telêmaco Borba da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) também se manifestou.
Em nota, o órgão disse manifestar "profundo pesar e indignação diante das ofensas, injúrias e ameaças direcionadas a uma pessoa com deficiência".
"A OAB recebeu com consternação e repúdio as imagens que revelam atos de violência e discriminação contra uma pessoa em situação de vulnerabilidade. A gravidade da conduta se agrava ao constatar o envolvimento de estudantes de Direito, cuja formação deve ser pautada pelo respeito aos direitos humanos e pela promoção da justiça social. [...] A OAB reafirma seu compromisso com a ética, a justiça e a defesa dos direitos fundamentais, e se solidariza com a vítima e seus familiares, oferecendo apoio institucional e jurídico para que os responsáveis sejam responsabilizados."
No texto, a OAB local também afirma que, em caso de denúncia e condenação, as estudantes podem ser impedidas de ingressar na Ordem.
"Ressaltamos que a OAB, em consonância com o art. 8º, VI e §4º do Estatuto da Advocacia (Lei nº 8.906/94), que exige idoneidade moral para o exercício da profissão, tomará as medidas cabíveis em caso de condenação judicial das envolvidas, podendo inclusive impedir o ingresso em seus quadros", diz.
Nota de repúdio da OAB Telêmaco Borba
Reprodução
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