Servidora do Governo do Paraná é condenada a 10 anos de prisão por desviar dinheiro público
21/10/2025
(Foto: Reprodução) Justiça Federal condena servidora do governo do Paraná
Keli Guimarães, Superintendente-geral de Desenvolvimento Econômico e Social do Paraná, foi condenada a dez anos de prisão por desviar dinheiro público em contratos fechados com prefeituras pelo estado.
A decisão, do juiz Guilherme Roman Borges, da 13ª Vara Federal de Curitiba, condenou a servidora pelos crimes de lavagem de dinheiro e peculato – quando o funcionário público se apropria ou desvia dinheiro em proveito próprio.
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Segundo o Ministério Público Federal (MPF), os crimes foram entre 2008 e 2014. Na época, Guimarães trabalhava em uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) que fechou contratos com dezenas de municípios do Paraná, em especial na área da saúde.
Keli ocupa o cargo comissionado de superintendente-geral desde 2022. Nessa função, ela deve participar da elaboração e aprovação de projetos com estratégias sociais e ambientais. Segundo o Portal da Transparência, Keli recebe um salário bruto mensal de R$ 30.432,66. Além disso, é esposa do conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, Fernando Guimarães.
A defesa dela recorreu da decisão e afirmou que não vai se manifestar sobre o caso. O conselheiro Fernando Guimarães também não quis se manifestar, mas classificou a decisão como "fraca".
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Como funcionava o esquema?
Keli Guimarães, Superintendente-geral de Desenvolvimento Econômico e Social do Paraná
Reprodução
Conforme o MPF, os contratos foram firmados com o Instituto Confiancce, que pertencia a uma familiar de Keli. Segundo o órgão, além de Keli, outras oito pessoas agiram com o objetivo de "fraudar licitações, superfaturar os valores devidos e apropriar-se do excedente operacional arrecadado".
Os desvios eram feitos, segundo o MPF, por meio do pagamento de despesas particulares, como planos de saúde, contas de telefone e viagens internacionais, além de simulação de despesas pela contratação de empresas que não prestavam serviços.
A RPC procurou o Instituto Confiancce, mas não conseguiu contato. A instituição aparece como inativa no site da Receita Federal.
Mais de R$ 1,3 milhão desviado
Justiça Federal do Paraná
Reprodução/RPC
O Ministério Público apresentou como provas dos crimes de peculato e lavagem de dinheiro documentos das empresas, depoimento de testemunhas e quebras de sigilo bancário e telefônico dos réus. O órgão citou também depósitos de valores fracionados feitos em cheques, o que, segundo a investigação, servia para evitar o rastreamento por órgãos de controle.
Na sentença, o juiz federal detalha que os documentos apreendidos indicam que o Instituto Confiancce pagou valores superfaturados à empresa de Keli Guimarães. Conforme o documento, entre 2010 e 2013 foram R$ 1.313.830 por trabalhos prestados – uma média de quase R$ 35 mil por mês.
Segundo Roman Borges, os valores eram, na verdade, incorporados indevidamente pela agora servidora.
O juiz destaca ainda que a média mensal é superior não apenas à média do mercado, mas claramente inadequada frente às funções exercidas junto ao Instituto Confiancce, o que caracteriza superfaturamento.
Governo diz que aguarda tramitação
Por meio de nota, o Governo do Paraná afirmou que os fatos apontados na sentença são antigos e não têm relação com o trabalho atual desenvolvido pela servidora.
A nota destaca ainda que, na decisão, o próprio juiz afirmou que não há espaço para perda do cargo porque não há essa conexão, e conclui que esta é uma decisão de primeira instância, informando que o Governo do Paraná vai aguardar a tramitação nas instâncias superiores.
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