Vinhos que fogem do tradicional que você precisa conhecer
09/04/2025
(Foto: Reprodução) A vida é muito curta para não aproveitar toda a riqueza do mundo dos vinhos. Embora existam centenas de uvas diferentes e inúmeros estilos de vinhos, muitos consumidores costumam tomar sempre os mesmos rótulos, sobretudo Malbec argentino e Cabernet Sauvignon chileno. Vinhos deliciosos que justamente conquistaram o paladar de muita gente pelo excelente custo-benefício.
Mas a vida é muito curta para não aproveitar toda a riqueza do mundo dos vinhos. As dicas a seguir são um convite para conhecer uvas que fogem do tradicional, estilos poucos conhecidos e regiões vitivinícolas a serem descobertas.
Moscatel de Setúbal
Por exemplo, Portugal elabora um vinho muito especial numa região ao sul de Lisboa que se chama Península de Setúbal, localizada parcialmente na Reserva Natural do Estuário do Sado e outra parte no Parque Natural da Arrábida.
Nesse território de clima temperado com influências mediterrânea e atlântica, com baixas precipitações, nasce um vinho doce de alto teor alcóolico, chamado Moscatel de Setúbal.
Um rótulo de ótimo custo-benefício desse estilo é o Moscatel de Setúbal Doce DOC Adega de Palmela. Apresenta cor âmbar com reflexos dourados e aroma a cascas de laranja, mel, frutos secos e chá. Tem frescor, equilíbrio e boa persistência, além de potencial de guarda de muitos anos.
Uma parte do vinho amadureceu 18 meses em barricas, outra parte em tanques de inox. É perfeito como aperitivo à temperatura de 10ºC ou como digestivo à temperatura de 16ºC. Acompanha doces portugueses e chocolate preto.
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Jerez
A Espanha produz um dos vinhos mais peculiares do mundo chamado Jerez, do nome da localidade Jerez de la Frontera, na Andaluzia. Elaborado há milênios em um processo único de corte em etapas que mistura vinhos velhos e novos em uma rede de barris conhecida como sistema de criaderas e solera, o vinho de Jerez é elaborado com as uvas Palomino Fino, Pedro Ximénez (PX) e Moscatel.
Esse vinho fortificado, conhecido também como Xerez (em português) e Sherry (em inglês), é possível em função das condições climáticas que caracterizam o sul da Espanha e da quantidade de cal que existe no solo, chamado albariza, que absorve muita água e garante a sobrevivência das plantas no verão escaldante da região.
Existem diversos estilos de Jerez, dentre doces e secos. Se quiser explorar esse riquíssimo mundo, comece pelo Jerez Fino Classic Dry Sec, vinho seco com notas salinas e ótima acidez. É produzido pelo sistema tradicional de solera e criaderas em barricas de carvalho americano e tem idade média de 5 anos.
Harmoniza com embutidos, como o Jamon Ibérico, frutos secos, azeitonas, mariscos e peixes.
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Líbano
Você sabia que o Líbano produz vinhos de altíssima gama? Influenciados pela tradição francesa, produtores libaneses do Vale do Beeka elaboram deliciosos rótulos com uvas francesas, como Cabernet Sauvignon, Syrah, Cinsault, Pinot Noir, Grenache, Sauvignon Blanc, além da pouco conhecida Obeidy, um clone da Chardonnay.
Portanto, que tal experimentar um Pinot Noir do Líbano como o da vinícola Château St. Thomas? É um tinto com aromas que lembram morangos e notas de tabaco e especiarias.
Em boca, é elegante, de acidez equilibrada e carácter excepcional de frutos vermelhos e especiarias. As videiras de Pinot Noir deste tinto têm mais de 15 anos e estão localizadas a 1.200 metros de altitude, o que é excelente para o amadurecimento desta uva.
Acompanha bem carnes como rosbife, prime rib, filé Chateaubriand, Tournedos Rossini e cordeiro.
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Ilha da Madeira
No meio do Oceano Atlântico, localizada geograficamente na África, a 600 km a oeste do litoral do Marrocos, essa ilha portuguesa elabora vinhos fortificados desde o final do século XVII quando os produtores começaram a adicionar brandy ao vinho para estabilizar e conservar.
O processo de elaboração do Madeira é um dos mais peculiares do mundo dos vinhos. O segredo é o processo de estufagem. Após a fermentação, os vinhos são aquecidos em tanques de aço inox ou madeira por vários meses, o que acelera o envelhecimento e desenvolve aromas complexos de nozes, caramelo e frutas secas.
O resultado são vinhos fortificados realmente surpreendentes como o Justino's Madeira 3 anos Doce, rótulo com aromas de frutos secos que, em boca, é doce, macio e equilibrado. Destaca-se a acidez pronunciada. Amadureceu por, em média, 3 anos em barricas de carvalho e harmoniza com chocolate negro, queijos curados e sobremesas à base de café.
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Sauternes
Os vinhos da região de Sauternes, em Bordeaux, na França, fazem parte de uma categoria muito especial por uma série de circunstâncias naturais que precisam estar sincronizadas para que a ‘mágica’ aconteça: são vinhos que se originam em uvas botritizadas, ou seja, que são atacadas por um fungo que as desidrata fazendo com que a quantidade de açúcar acumulada em cada bago de uva seja altíssima.
Se você nunca provou um vinho desses, considere experimentar o Château Doisy Daëne Sauternes, um extraordinário rótulo assinado pela vinícola Denis Dubourdieu. Apresenta aromas de frutas, mel e minerais concentrados pela botrytis cinerea (podridão nobre). Em boca, é elegante, puro mineral e com uma doçura maravilhosamente equilibrada pela acidez. Amadureceu por 12 meses em barricas de carvalho francês. A safra 2016 recebeu 94 pontos por Robert Parker.
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Vinho elaborado com uvas desidratadas
Para criar um vinho tão elegante e complexo como o italiano Amarone, o trabalho começa no vinhedo com a seleção das uvas que geralmente são colhidas manualmente no final de setembro e o início de outubro. Em seguida, são cuidadosamente dispostas nos graticci, prateleiras de bambu que favorecem a ventilação e a desidratação das uvas.
Ao longo de três a quatro meses, os bagos secam e perdem cerca de metade do seu peso original, favorecendo a concentração de açúcares. Dessa forma, os aromas, as cores e os elementos aromáticos evoluem, expressando no copo sensações únicas e incomparáveis. Nos meses de inverno, o mosto é deixado fermentando em contato com as películas por dois meses. Por fim, o vinho amadurece em barricas por pelo menos dois anos.
Um dos melhores rótulos em termos de custo-benefício é o Amarone della Valpolicella DOCG Aristocratico. Esse tinto elaborado na região do Vêneto, no Nordeste da Itália, apresenta intensos aromas de frutas maduras com notas de tabaco e pimentas. É complexo, elegante e equilibrado, com notas de passas e especiarias.
Amadureceu em barricas por 24 meses. É perfeito para acompanhar carnes de caça, cordeiro e carnes com molhos agridoces, além de queijos maduros, como parmesão e gorgonzola.
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Vinho biodinâmico
Na busca pela sustentabilidade, a enóloga portuguesa Filipa Pato proíbe o uso de pesticidas e fertilizantes em seus vinhedos, enquanto as fases da lua orientam o manejo das videiras. Além disso, simpáticos porquinhos perambulam pelos parreirais, eliminando ervas daninhas e contribuindo para a sanidade das plantas ao se coçarem nos troncos.
Essas práticas sustentáveis fazem de Filipa Pato uma lenda na produção biodinâmica de vinhos que ela apelida de “vinhos autênticos sem maquiagem”, que tem o menor de intervenção enológica e expressam ao máximo o terroir da Bairrada, região ao norte de Portugal famosa por elaborar deliciosos espumantes.
Como o Filipa Pato 3B Rosé, um espumante com aromas muito expressivos de morango, romã e anis. É frutado, mineral e possui excelente acidez. Elaborado pelo método tradicional (mesmo dos champanhes), amadureceu por 9 meses sur lie.
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